O homem está plantando alface
Ele ara a terra com a mão como se a acarinhasse
Afunda a muda em silêncio eterno e pensa
O verde que alimenta a criança e a crença
E pede mais
O Sol no céu com chuva que água o seu berço
Pra um dia caminhar assim sem endereço
No passo duro de quem rega com apreço
E a regra que chove na cabeça de quem pensa ainda
Venço
O homem está regando a face
Enquanto confabula sobre a fábula, um impasse
E no silêncio pede a bênção contrária à sua crença
E sua raiz já cresce sem pedir licença
E pede paz
A si e a seus iguais com esperança em terço
E a todos vegetais com coração de gesso
E quem merece mais? Quem planta ou quem tem lenço e
Manda?
O mérito às avessas, com adubo cresço